Como poderá a sua empresa continuar a servir os clientes e manter-se em funcionamento, se 40% da equipa se for embora na próxima semana? É difícil imaginar uma situação tão dramática, mas é algo que todo o líder de empresa deveria ponderar durante a Demissão em Massa.
Muitos líderes de empresas estão desejosos de voltar a ter os seus colaboradores de volta ao escritório, numa base de tempo inteiro. Mas essa expectativa colide com a dos colaboradores, que consideram agora o trabalho remoto não como uma regalia, mas como uma necessidade para a continuidade no emprego.
Trabalhar a partir de casa ou sair
A pandemia acelerou a tendência existente, provando que a grande maioria do trabalho contabilístico pode ser feito a partir de qualquer lugar. Porquê sujeitar-se a longos e demorados trajetos de deslocação, colegas de trabalho ruidosos e distrativos, e sufocantes uniformes ou códigos de vestuário, quando se pode ser igualmente produtivo – e por vezes até mais – trabalhando a partir de casa?
Num inquérito conduzido no início deste ano, pela Ipsos em parceira com o World Economic Forum, 30% dos trabalhadores procuraria outro emprego, de preferência a trabalhar a tempo inteiro fora de casa. Essa percentagem sobe em pessoas abaixo dos 35 anos e pais de crianças até aos 17 anos.
A nova guerra de talentos
A guerra por talentos de topo não é nova na profissão de contabilista, mas depois de uma breve trégua em 2020, voltou a reacender-se – e de uma forma particularmente agressiva.
Muitas empresas mantiveram-se bastante rentáveis durante a recessão, disponibilizando serviços de assessoria e consultoria de alto valor. Agora que experienciamos uma recuperação económica, todos parecem competir pelo mesmo talento.
Hoje, a sua empresa não compete apenas com outras empresas da mesma área geográfica. Compete com empresas de todo o país e mesmo de todo o mundo. Empresas do mercado mais vasto estão a tentar cativar profissionais de base regional, com salários generosos e promessas de trabalho remoto a tempo inteiro. Consegue competir?
Mudar as mentalidades acerca do trabalho remoto
Nos últimos meses, conversámos com diversos líderes de empresas que querem as pessoas de volta ao escritório. Muitas vezes, esses líderes apontam um ou dois colaboradores com baixo desempenho como a razão para quererem todos em modo presencial e a tempo inteiro.
De um modo geral, a produtividade aumentou desde que as pessoas começaram a trabalhar a partir de casa. Assim, se um ou dois colaboradores mostram dificuldade em manter-se produtivos e responsáveis ao trabalhar remotamente, deve abordar cada caso individualmente. Tomar decisões com base na exceção, só leva a afastar os colaboradores com alto desempenho.
Perder talentos e sentir dificuldade em atrair novos recrutamentos não é inevitável. Se está empenhado em vencer esta nova batalha pelo talento, deverá focar-se nas seguintes cinco áreas.
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A incerteza causa ansiedade. Foque-se numa comunicação clara em torno dos seus planos de trabalho remoto e híbrido e expectativas de desempenho.
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Aprendizagem e desenvolvimento. Muitos líderes de empresas indicaram que a formação e a mentoria foram afetados durante a pandemia, mas a aprendizagem e o desenvolvimento não têm de ficar em segundo plano, quando as pessoas não trabalham na mesma localização física. As oportunidades de aprendizagem virtualpodem ser extremamente valiosas, quando bem pensadas, e focadas em tornar a experiência cativante e interativa.
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Dar aos colaboradores as ferramentas para fazer do trabalho remoto e híbrido um sucesso. Sistemas com base em cloud, ferramentas de comunicação e colaboração, aplicações de fluxo de trabalho e de gestão de projeto, tornam a equipa mais unida, independentemente de onde as pessoas estão localizadas, permitindo-lhes desempenhar a sua função de modo mais eficaz e eficiente.
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Competências de liderança. Parceiros e gestores são essenciais no esforço de reter talento. Para serem líderes eficazes, eles necessitam da capacidade de saber ouvir, de dar e receber feedback, e de se empenharem em conjunto com os colaboradores nos seus objetivos pessoais e profissionais e aspirações de carreira. Se os líderes de empresas não estiverem à altura da tarefa, o investimento em formação e coachingde liderança deve ser uma prioridade. Lembre-se: as pessoas não abandonam empresas, mas sim maus gestores.
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Processos eficientes. A transição para o trabalho remoto do último ano revelou atritos que podem ter passado despercebidos à equipa, quando todos se encontravam no escritório. Identifique essas áreas problemáticas e assegure-se de que os processos são planeados segundo um ponto de vista prioritariamente remoto. Sem processos padronizados ao nível da empresa, as pessoas tendem a cair nas suas preferências pessoais, o que pode não ser o ideal para a empresa ou para os clientes. Não deixe que a sua necessidade de voltar ao escritório abafe as vozes dos seus colaboradores. Continue a dar-lhes ouvidos, à medida que se ajusta a novas formas de trabalho. Cometerá erros pelo caminho, mas ouvir a sua equipa ajudá-lo-á a identificar e resolver problemas rapidamente. A forma como a sua empresa responder ao apelo ao trabalho remoto e híbrido, determinará o seu sucesso na luta pelo talento.